Hanseníase: Afeta todas as Gerações

A Hanseníase, antigamente conhecida como Lepra, é uma doença crônica causada por uma bactéria (bacilo), o Mycobacterium leprae. Atinge crianças, adultos e idosos de ambos os sexos.

Infelizmente o Brasil ainda não atingiu a meta de eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública (definida pela OMS como prevalência menor que 1 caso por 10.000 habitantes), ocupando o 2º lugar em número absoluto de casos, atrás apenas da Índia (sim, estamos somente atrás da Índia!).

Como uma forma de conscientizar a população sobre a Hanseníase e aumentar as taxas de diagnóstico e tratamento, foi criado o Dia Mundial de Luta contra Hanseníase (31/01)-Janeiro Roxo.

  • Manifestações da Hanseníase

As manifestações da Hanseníase são diversas, desde manchas ou nodulações cor da pele, esbranquiçadas, vermelhas ou escurecidas, únicas ou múltiplas.

De forma prática, é classificada em dois tipos:

  1. Paucibacilar – ou seja, poucas bactérias; 1-5 lesões de pele
  2. Multibacilar – alta carga de bactérias; mais de 5 lesões de pele.

A principal característica é a alteração da sensibilidade. A primeira a se alterar é a sensibilidade ao calor/frio, depois a dor e, por último, ao toque. Também se observa perda de pelos (comum nas sobrancelhas) e diminuição do suor em alguns casos.

Algumas vezes a Hanseníase surge sem as lesões de pele. Nesses casos predomina o acometimento dos nervos, com sua inflamação (neurite). A neurite é percebida devido ao espessamento de alguns nervos, dor, perda de sensibilidade e de movimento, principalmente nas pálpebras, pernas/pés e braços/mãos.

  • Como acontece a Transmissão?

Uma pessoa doente, SEM TRATAMENTO, elimina as bactérias (bacilos) por espirros, tosse ou secreções do nariz. O bacilo entre em contato com grande número de pessoas, mas a maioria consegue eliminá-lo sem desenvolver a doença. Isso ocorre pois a maioria da população tem o sistema de defesa capaz de combater essa bactéria.

Para que ocorra transmissão, o contato entre o doente e demais pessoas suscetíveis deve ser prolongado, durante várias horas do dia, muitos dias da semana, por longos anos. Por isso é comum ocorrer transmissão dentro dos membros da mesma família.

Após o início do tratamento os doentes deixam de transmitir os bacilos. Não é necessário afastamento do convívio social ou do trabalho.

Um aperto de mão, beijo, abraço, gravidez, amamentação e, mesmo, compartilhar utensílios domésticos NÃO transmitem a doença!

  • Tem tratamento!

O tratamento da Hanseníase é fornecido gratuitamente pelo SUS, nos postos de saúde.

São necessárias diversas medicações (antibióticos) para serem tomadas em conjunto (poliquimioterapia) e assim conseguir atingir a cura. O tempo de tratamento é prolongado, varia de 6 meses a 1 ano, dependendo do tipo de Hanseníase. Esse é um dos principais motivos de abandono do tratamento.

Se usadas corretamente, as medicações são altamente eficazes e levam a CURA!

Porém, se não tratada corretamente, além de aumentar a disseminação da doença, pode levar às sequelas irreversíveis, tais como retrações dos dedos (mão ou pé em garra), perda da sensibilidade nas mãos/pés, úlceras nas pernas/pés. Pode ocorrer dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas, diminuição de força nos braços e pernas, inchaço de mãos e pés.

Ressecamento e úlceras nos olhos, ressecamento e sangramento nasal também podem ocorrer.

A Hanseníase nos idosos, devido ao comprometimento de sua imunidade, tem maiores chances de levar às deformidades, principalmente se o diagnóstico for demorado. Além disso, os idosos geralmente fazem uso de diversas medicações, dessa forma o risco de complicações inerentes ao tratamento da Hanseníase são maiores.

Mãos em Garra

Ainda não há consenso sobre as doses efetivas da poliquimioterapia para Hanseníase nos idosos sem causar maiores efeitos adversos ou interação com as demais medicações em uso. Cada caso deve ser analisado individualmente.

Mesmo as grávidas e mulheres em amamentação podem fazer uso da poliquimioterapia, pois existem medicações que são seguras para a mãe e a criança.

  • Existe prevenção

A melhor forma de prevenção é o diagnóstico precoce e o tratamento adequado!

A vacina BCG feita ao nascimento funciona para melhorar a resposta imunológica do nosso organismo contra a Tuberculose, mas existem estudos que demonstram que também leva a proteção contra o bacilo de Hansen.

Toda pessoa que conviveu nos últimos 5 anos com portador de Hanseníase deve ser examinada e orientada a receber a vacina BCG.

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“Ela age em silêncio. Atinge o corpo, fere a carne e marca a alma. Nasce da falta de informação e de saúde básica. Multiplica-se na miséria. Alimenta-se da vida que rouba, aos poucos, de suas vítimas”- Fundação PróHansen

Dra Cínthia Orasmo Dermatologista

CRM SP 134.438 / RQE 62.645