Alergia a flor da pele. Conheça a Dermatite de Contato!
A palavra alergia engloba diversos tipos de doenças e significa, em termos médicos, uma dermatite (ou eczema). A principal causa das dermatites é a de contato, podendo ser irritativa ou alérgica, mas qual a diferença?
Na dermatite de contato irritativa (DCI) ocorre surgimento de feridas já no primeiro contato com algumas substâncias, principalmente produtos alcalinos ou ácidos, tais como sabonetes, detergentes, solventes ou outras substâncias químicas. No geral as lesões ficam restritas ao local de contato. Corresponde a 80% dos casos de alergia, sendo as mãos os locais mais afetados.
Já a dermatite de contato alérgica (DCA) aparece após repetidas exposições a certas substâncias. Pode demorar dias, meses ou até anos para ocorrer, pois depende da produção de mecanismos de defesa pelo sistema imune. Os principais causadores são produtos de uso diário e frequente, como perfumes, hidratantes, esmaltes de unha, cremes, pomadas, entre outros. Nesse caso as lesões acometem o local de contato, podendo se espalhar por todo o corpo.
No caso da DCI, as substâncias irritativas leves podem causar vermelhidão, ressecamento, rachaduras e coceira. As substâncias irritativas fortes costumam causar inchaço, dor e bolhas pequenas (vesículas) ou grandes. Na DCA a reação alérgica surge após 24 a 48 horas da exposição. A ferida pode ser inchada e vermelha, com pequenas bolhas; quente; ou formar cascas (crostas) grossas. Em ambos os casos, ao se tornarem feridas crônicas, evoluem com espessamento da pele, tornando-se semelhante ao couro.
Cerca de 3mil substâncias já foram descritas como potenciais causadores de DCA, entretanto cerca de 20 são responsáveis pela grande maioria dos casos:
– Níquel, presente em botões, colares, pulseiras, brincos e outras bijuterias.
– Hera venenosa, carvalho venenoso, sumagre venenoso.
– Látex
– Tatuagem de hena
– Timerosal, antigo componente do mertiolate e atualmente presente em alguns medicamentos e vacinas.
– Benzocaína, presente em anestésicos tópicos.
– Antibióticos tópicos, como neomicina, bacitracina e gentamicina.
– Adesivos e esparadrapos.
– Tintura de alguns tecidos.
– Fragrâncias contidas em perfumes, loções de barbear, desodorantes e sabonetes.
– Formaldeídos, presentes em alguns xampus, condicionadores, hidratantes e cosméticos em geral.
O diagnóstico é baseado na história contada pelo paciente sobre a exposição a um agente irritante ou alérgeno e no aspecto das lesões da pele. Algumas vezes é muito difícil encontrar o agente causador da alergia. Pode ser considerada biópsia da pele para excluir outros diagnósticos.
Na suspeita de uma dermatite de contato alérgica, está indicada a realização do Teste de Contato, que é um método no qual são colocados os produtos mais prováveis em contato com a pele dorso do paciente. São feitas duas leituras, uma com 48h e outra com 96h, para avaliar se houve resposta (formação de feridas na pele) aos agentes testados.
O tratamento depende da extensão e da gravidade das feridas na pele. Deve-se lavar a região afetada com água corrente para retirar qualquer vestígio do irritante ou alérgeno da pele. Nas feridas úmidas, geralmente na fase aguda, está indicado compressas secativas e antissépticas. Os cremes ou pomadas contendo corticoides são usadas para conter a inflamação local, podendo ser usados também os imunomodulares tópicos, como tacrolimus ou pimecrolimus.
Já nos casos graves, ou com intensa coçeira, é lançado mão das medicações antialérgicas, até corticoide orais ou injetáveis por algum período. Os emolientes e hidratantes devem ser usados já em uma fase de resolução, pois mantém a umidade da pele e auxiliam na reparação e proteção da mesma. Os hidratantes são fundamentais para prevenção e tratamento das dermatites de contato!
Fique atento! Nunca se automedique nos casos de alergia! Isso pode contribuir para agravar ainda mais a dermatite: procure sempre sua dermatologista!
Dra Cínthia Orasmo Dermatologista
CRM SP 134.438 / RQE 62.645